Sinergia entre direção e cenografia

A Lição” (La Leçon), escrita pelo dramaturgo romeno-francês Eugène Ionesco em 1950, é uma das peças mais emblemáticas do Teatro do Absurdo, movimento que explora a alienação humana, a falta de sentido da existência e os limites da comunicação. A peça apresenta a relação entre um professor, uma aluna e uma governanta, em um cenário que inicialmente parece ordinário, mas que rapidamente se transforma em uma atmosfera opressiva e absurda. A trama gira em torno de uma aula particular em que o professor, inicialmente tímido e contido, assume progressivamente uma postura autoritária e violenta, enquanto a aluna passa de confiante e curiosa a submissa e confusa. A governata desempenha o papel de uma figura que observa e tenta controlar o velho professor, simbolizando uma consciência externa.

“A Lição” transcende o contexto em que foi escrita, permanecendo atual ao abordar questões universais como o autoritarismo, o controle social e a alienação. A obra tem sido amplamente encenada em diferentes contextos culturais, oferecendo novas camadas de interpretação conforme o tempo avançado. Jonas Lemos, nascido em janeiro de 1945, é o diretor da peça que teve sua estreia em meados dos anos 80. Ator e diretor, fundou o histórico Grupo de Teatro Evolução, conhecido por sua abordagem inovadora e revolucionária nas artes cênicas. Ao longo de sua carreira, Lemos teve diversas montagens significativas, incluindo peças do dramaturgo Eugène Ionesco, como “A Cantora Careca” e “A Lição”. Sua primeira direção de “A Cantora Careca” ocorreu em 1977, durante o período da ditadura militar no Brasil.

Além de seu trabalho no teatro, Jonas Lemos participou de debates culturais, como o seminário “1968: 50 anos depois”, realizado no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas, onde discutiu o impacto cultural dos eventos de 1968 no Brasil . Sua contribuição para o teatro de Campinas é extremamente reconhecida, sendo considerada uma referência na cena teatral local. Sua dedicação e paixão pelas artes cênicas continua a influenciar e inspirar novas gerações de artistas na região.

A montagem de “A Lição” dirigida por Jonas Lemos contou com o trabalho de Valdo Matos na cenografia, criando um ambiente que potencializou a atmosfera absurda e opressiva da obra. O crítico teatral Sábato Magaldi elogiou a produção, destacando a direção de Lemos e o cenário de Matos, que desenvolveu para uma interpretação profunda e impactante do texto de Ionesco. A crítica de Magaldi ressalta a importância da cenografia de Valdo Matos na construção do ambiente cênico, evidenciando como o cenário complementou a narrativa e intensificou a experiência teatral. A colaboração entre Jonas Lemos e Valdo Matos em “A Lição” exemplifica a sinergia entre direção e cenografia, resultando em uma produção que recebeu reconhecimento da crítica especializada e do público.

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